sexta-feira, outubro 28, 2005

Fim de Temporada



Pois então,
Uma sensação pós-guerra ...
Pós-parto...
Pós-stress...
Pós-sexo...
Pós-espirro...
Pós-palco.
Quem vive em palco deve fazer idéia desta experiência que mesmo recorrente gera frio na barriga, que por maior que seja o cansaço, a dor, a tristeza nada se compara ao prazer de sentir aquela gotinha de suor escorrendo na ponta do nariz até o chão do palco ao som de aplausos. Depois disso tudo fica pequeno e o corpo inteiro reverbera dos fios de cabelo grudados na nuca ao metatarso contundido... nada mais existe... nem dor, nem ansiedade, nem medo nem frio na barriga...
O que foi este ano (em dança)... por baixo 20 apresentações...
O que foi este mês...
Foi só um mês de ensaio para a comemoração do IV centenário da obra de Cervantes na Câmara Municipal de Campinas... tanta gafe rs... mas o q vale é o resultado final...
Fim de temporada...
Semelhança em intensidade agora só ano q vem.

Nunca pensei ser (mas fui) Quijote... (depois publico alguma foto rs)
Fui Quijote, torero, sevillano, sefaradi do séc XVIII, catalão, galego, andaluz, eu mesmo... apenas fui o que sentia, como um filtro ... o palco faz bem pro ego. As pessoas depois te cumprimentam e ficam contemplando de longe como se eu fosse um boneco de luxo alienígena...rs.... mas é preciso ter muito cuidado, pois se seu ego inflar muito e você não ter estrutura provavelmente sairá boiando e vagando em idéias egocentristas, egoístas e até egofágicas.

Havia a possibilidade de uma participação no Teatro Folha, mas, como cada vez mais o mundo se transforma em plástico e a matemática passou a ser o mais importante produto final decidi me dedicar apenas ao Hispano com prazer e pela cultura do trabalho de alma contando com a geometria e com alguém que confio e me deixa ser livre em marcar o tempo das castanholas com a mão que eu quiser! rs. O som sai igual ao menos...

Mas é isso...
Contratempos todos temos só vai depender da forma como construímos o tempo.
Agora é isso...
Preciso me dedicar mais a ganhar dinheiro... quem quiser pode ajudar rs.
Ano que vem to indo pra Cádiz (Baruch-Hashem)... pra ver de perto de onde veio metade de mim... vou com uma proposta bem diferente da maioria do povinho flamenco q faz tudo se achando sensual... vou pelo folclore, por meu sangue e pelo Brasil.

Quem nunca se perguntou: mas afinal o que é cultura brasileira? O que é ser patriota?
Será q cultura brasileira é apenas as danças do norte e do sul, o axé, o frevo, a catira, os temperos fortes, os vestidos de renda, o rodeio etc...? E de onde vem todos estes costumes? O Brasil não é só África... nem só Europa, nem Ásia... muito menos só o que a Globo mostra. Não temos uma religião predominante, nem povo, nem industria... talvez agora estamos deixando de ser apenas população.... E não pensem também então que se for assim a cultura brasileira verdadeira seria então a indígena! Claro que é a mais próxima, mas não se esqueçam da influencia dos fenícios na língua e nos costumes... a forma que absorvemos outras culturas vem de longa data. A diferença é não deletar, menosprezar ou encobrir outra por “não estar mais na moda”, e, tampouco delegar maior importância à algumas do que outras...

Sendo assim, não me encham o saco por eu ser tauromáquico, ou por dar maior importância à algo tradicional ao invés de títulos predefenidores de arte contemporânea que para mim é vazia, não só pela técnica mas também pelo caráter.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

me sentí tocada quando lí o que você escreveu sobre subir aos palcos! Já subí em alguns... sinto muita saudade deles. Mas muito obrigada por resgatar ess sentimento que tantas vezes eu faço questão de esquecer.
e a arte moderna... eu gosto, mas gosto é gosto afinal! e acho legal você se tão tourino, isso transparece em personalidade, e personalidade tá faltando nas pessoas por aqui.
è isso, um beijo. Se cuida.

30 de outubro de 2005 às 05:37  
Blogger Isma said...

Aí está você, homem, banhando os ladrilhos dessa cidade suja com o seu inconfundível legado. O que seriam dez Claudios... Acho que você deveria ser uma lei estadual, deveríamos ter um Claudio em cada comunidade, lembrando sempre de que, hora, as coisas são mais complicadas do que aparentam, quando em outros momentos são tão simples que não temos a nobreza necessária de enxergar isso.
Bendito, por não se conformar com a aparência fácil. Nobre, homem, por não se esvair ao pronto... pouco. Rico, taurino, por desconfiar.
É bem vindo na minha casa.
Vá e leve consigo tudo o que me ensina, ensine aos outros também... Espero que se lembre sempre que nasceu para aprender e depois ensinar...

1 de novembro de 2005 às 17:40  
Anonymous Anônimo said...

Olá!Gostei bastante do seu blog! E eu que estava quase convencida de que havia pouca vida inteligente no Flamenco Brasileiro...ahhh, também estou bastante convencida sobre o fim dos tempos...e nem me fale em metatarso contundido...a veces creo que las lesiones vuelven por las navidades...como el turrón!
Um abraço

13 de novembro de 2005 às 19:48  

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